sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dinheiro, fama, poder e sexo / Money, fame, power and sex / Dinero, fama, poder y sexo

Qual a fórmula do sucesso? É um engano pensar que está relacionada ao dinheiro, à fama, ao poder e ao sexo. Mas também é um equívoco ignorar a importância desses fatores na formação de nossa identidade, atribuindo um sentido unicamente mau a eles, embora tenham se tornado tão nocivos para a o mundo em que vivemos. Veja algumas considerações que podem lançar outro olhar sobre isso.
O dinheiro determina as relações na sociedade moderna, fazendo com que oriente as ações de indivíduos e a convivência social. O dinheiro tende a interferir na nossa personalidade, transformando-nos em objeto, que não depende mais da relação com o grupo, mas da capacidade de poder aquisitivo. Somos considerados na mesma condição de coisas, diluindo assim a nossa personalidade. O que passa a orientar as nossas relações é o aspecto quantitativo e não mais o qualitativo.
O dinheiro surgiu a partir da troca que se baseia na noção de valor, um critério subjetivo. As relações humanas são relações de troca, por assim dizer. Sendo assim, o dinheiro assume papel de mediador. O dinheiro é, portanto, meio para se estabelecer relações recíprocas, mas que acabou se transformando como um fim em si mesmo.
Assim, o dinheiro influencia o ritmo da vida. Ele é o maior símbolo de como a vida é transitória. Para que o seu valor seja estabelecido, é preciso que esteja sempre em circulação. A Bíblia trata da questão do dinheiro. Jesus disse: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.” João 6.21. O apóstolo Paulo também ensinou: “pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.” 1 Timóteo 6.10.
O problema não é possuir dinheiro, mas se deixar ser dominado por ele. Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” Mateus 6.24.
A fama tem a ver com a maneira como os outros no veem. Andy Warhol (1928-1987) disse que “no futuro, toda pessoa terá direito a 15 minutos de fama”. Com o surgimento da Internet e a popularização dos celulares e das câmeras digitais, alguém disse, parodiando a frase de Warol, que todo mundo, na Internet, vai ser famoso para pelo menos 15 pessoas. Fama é uma palavra que vem da mitologia greco-romana. Era uma deusa com uma forma monstruosa com muitas asas, bocas, olhos e orelhas e que se movimentava para levar para todos os lugares as mensagens verdadeiras e mentirosas que captava dos boatos que se espalhavam rapidamente.
Neste tempo caracterizado pelo que Baudrillard chamou de “sociedade do espetáculo”, observa-se que há um apelo muito forte para com a imagem. O fato é que nós estamos sempre expostos à observação do outro ao mesmo tempo em que nós mesmos precisamos do olhar do outro para sermos reconhecidos.
A busca pela fama está relacionada com a vaidade. A fama pode trazer a ilusão de ser bem-sucedido. Entretanto, todos nós temos a necessidade de ser reconhecidos pelos de fora. O problema é que muitas pessoas têm procurado ser mais reconhecidas pela sua imagem do que pelas suas realizações. Para muitos, o que importa é a fama em si e não o que se faz para conquistá-la.
A fama é determinada, portanto, pela nossa história de vida. Mas Deus não olha para os nossos títulos ou rótulos para agir em nossa vida. Antes, ele não tem vergonha do nosso passado, assim como ele precisa de gente com a nossa história para mostrar o quanto ele é poderoso para transformar uma vida. De acordo com P. Talleyrand: “O comércio mais lucrativo seria comprar as pessoas pelo que valem, e revendê-las pelo que elas pensam que valem.”
O poder tem a ver com a influência que exercemos sobre o outro. O que faz com que algumas pessoas sejam extremamente bem-sucedidas e outras não? Especialistas em orientação de carreiras garantem que 95% das pessoas jamais terão sucesso. O poder é um aspecto que mexe com a consciência humana. O ser humano busca o poder incessantemente. Ouvimos falar de várias formas em que o poder se dá: poder da influência, da sedução, de decisão, do dinheiro, do amor, da cura, pessoal, de atração etc. Quem tem oportunidade de exercitar o poder, considera-se autônomo a ponto de passar por cima de seus semelhantes e até trair a confiança das pessoas mais próximas. Isso é uma questão que envolve ética. “O homem guiado pela ética é o melhor dos animais; quando sem ela, é o pior de todos”, disse Aristóteles.
Poder é a capacidade de decidir, agir e exercer autoridade, controle e soberania sobre dada circunstância ou pessoa através do domínio, da influência ou da força. Poder, segundo Max Weber, significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade. O poder tem origem na personalidade – o poder de ser –, na propriedade – o poder de ter – e na organização – o poder de fazer. O poder envolve, então, a força, a influência e o controle.
Para que o poder se realize, é necessário que alguém queira algo que está sob controle de outro. Como afirmava Ulisses Guimarães, “não é o poder que corrompe o homem; é o homem que corrompe o poder”. Há, dessa forma, uma relação de dependência de indivíduos ou grupos em relação a outros. “O poder influencia quem consegue o quê, quando e como”, disse Gareth Morgan.
O resultado do poder exercido de forma indevida é a corrupção, a desigualdade e a opressão. O exercício do poder de formar leviana e egoísta destrói os relacionamentos. A única coisa que pode neutralizar os efeitos nocivos do poder é o amor. “Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro”, disse Carl Gustav Jung. Para a fé cristã, no entanto, o poder não emerge da força, mas da fraqueza. “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” 2 Coríntios 12.9.
A questão da sexualidade afeta a todos, uma vez que fomos gerados como seres sexuados. Entretanto, a sexualidade passou a ser um problema a partir da construção de concepções equivocadas sobre a nossa sexualidade: desprezo ao corpo, moralismo, mecanismos de culpabilização, redução de nossa capacidade afetiva e até mesmo a valorização do masculino em detrimento do feminino. Tratar da sexualidade humana de forma madura envolve a vida de maneira integral.
A sexualidade abrange as dimensões biológica, social e afetiva. A sexualidade nos ajuda a reconhecer nossos limites e a construir a nossa identidade. Anthony Giddens reconhece que a sexualidade hoje propicia a adoção de novos estilos de vida e funciona como um aspecto maleável do eu, que regula a maneira como tratamos do corpo, da identidade e das normas sociais. Ele percebeu que a sexualidade deixou de ser tratada em seu aspecto reprodutivo e passou a ser definidora da identidade e a estabelecer um meio de ligação com o outro.

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