quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Fé: Um coração sensível a Deus / Faith: A sensitive heart to God / Fe: Un tierno corazón a Dios

“Eis o que é a fé: Deus sensível ao coração", disse Pascal. Fé é uma palavra que se encontra entre as mais incompreendidas e que, ao mesmo tempo, produz maior controvérsia. Agostinho precisou fazer a clássica distinção entre a fé com que se crê (fides qua) e a fé que é crida, que se direciona à revelação de Deus (fides quae). Uma que aponta para o sujeito que crê e outra que remete ao objeto da fé. Uma e outra estão inter-relacionadas, correspondem ao modo como somos possuídos por um conteúdo que nos preenche, que dá sentido e nos constitui como pessoas.
Fé é difícil de se definir. Prefiro pensar a fé como uma atitude que orienta a caminhada em nossa experiência com Deus. A cada passo nessa caminhada mais descobrimos a nós mesmos. Conhecer Deus não é um saber intelectual, que se dá de forma explícita, mas é um conhecimento que dá sabor à vida, um novo sentido à existência. O conhecimento de Deus é a experiência da fé, que implica um caminho ao mesmo tempo ético e intelectual, sob a inspiração do Espírito Santo e orientado pelos ensinos de Jesus Cristo, a fim de superarmos o que nos desumaniza e nos abrirmos para os valores que dão sentido à vida.
É necessário ter fé. Uma pequena fé é suficiente para que possamos experimentar o melhor de Deus para nós. Disse certa vez Paul E. Holdcraft: “Muitas pessoas desejam ter uma fé do tamanho de uma montanha, antes mesmo de tentarem mover uma semente de mostarda.” Pela fé, descobrimos que fomos formados para viver em comunidade, que não dá para viver só: precisamos de uma fé que depende do outro. Pela fé, somos encorajados a crescer espiritualmente: precisamos de uma fé que conduza a ser como Cristo. Pela fé, somos capacitados a servir: precisamos de uma fé que se expresse em dons e habilidades. Pela fé, somos convocados para uma missão: precisamos de uma fé que se transforme em ações concretas e responsáveis. Pela fé, contemplamos a grandeza de Deus: precisamos de uma fé que se sensibiliza com o inefável e o transcendente.
Ter fé é essencial porque está em jogo a nossa própria existência. É isso que nos leva a descobrir quem somos. Como disse Soren Kierkegaard: “A fé é a mais elevada paixão de todos os homens.” A experiência de Deus aperfeiçoa o nosso caráter e desperta o que há de melhor no homem, o que nos realiza e nos faz feliz. Fé é busca de entendimento do Deus que se faz mistério. Deus não se revelou a nós por meio do poder e da força, mas na encarnação em Jesus Cristo e na humilhação da cruz. Isso implica uma fé que pensa e nos convida a pensar. Isso nos chama a uma fé solidária. Compartilhar a fé não se resume em oferecer uma informação sobre Deus, mas promover o encontro salvífico e libertador com o único que pode satisfazer nossos anseios pela paz,de justiça, de comunhão e amor.
Entretanto, a fé não é algo que se deva guardar para si nem é uma atitude heroica, como se fosse algo reservado para alguns indivíduos eleitos. Fé é vida que se expressa em amor e dedicação ao outro. É uma questão de maturidade pessoal. Simone Weil denunciou que “a incredulidade de alguns ateus está mais próxima do amor de Deus do que a fé fácil daqueles que, sem nunca tê-lo experimentado, penduram uma placa com o seu nome como se fosse uma fantasia infantil ou uma projeção do eu.”


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Natal com Paixão / Christmas with Passion / Navidad con Pasión

A história do nascimento de Jesus é o que dá sentido ao Natal. Não são os presentes, nem os seus símbolos e muito menos o congraçamento entre os povos. Entretanto, o Natal não é como uma festa de aniversário, mas é um tempo para repensar o grande mistério do Deus que se encarna, consequência de um amor imenso pela humanidade toda. Sendo assim, não importa que os evangelhos, mesmo sendo os documentos mais confiáveis sobre a vida de Jesus, não sejam tão ricos em narrativas sobre o nascimento. Os autores não se preocuparam em oferecer dados biográficos sobre a família, a aparência, a infância, adolescência e juventude ou mesmo seus hábitos e costumes. Mesmo com uma história cercada de muitas dúvidas, seus ensinos influenciaram a humanidade e provocaram a transformação da vida de tantos quantos creram e seguiram.
Toda a vida de Jesus é uma evidência de um Deus apaixonado, tomado de profunda compaixão, manifestou sua presença salvadora e libertadora entre nós. O ministério que envolve a vida de Jesus é a humanização de Deus, a encarnação do divino na esfera do humano, que assumiu nossa limitação temporal e de espaço. A ideia de que Jesus nasce no seio de uma família demonstra que ele aprendeu e vivenciou a nossa condição humana relacionando-se com pessoas comuns. Não foi de uma forma sobrenatural, mas de um modo que comporta nossas contradições e nossas ambiguidades.
As narrativas do nascimento, assim como as de sua morte na cruz, dão conta do fato de que Deus se revela na história da humanidade de uma forma nova, subvertendo a todo conhecimento que se tinha sobre ele bem como todos os esquemas de compreensão do mundo e da dinâmica da vida. Os sinais da paixão estão presentes em toda a história de Jesus, a história de um Deus que se dá. Toda a vida de Jesus é uma demonstração de que a relação entre Deus e o homem é essencial para uma vida feliz e realizada, não importam as circunstâncias em que ela se dá. Em Cristo, a realidade de Deus encontra-se com a realidade humana. Ele é chamado de “Deus conosco” e isso nos remete a esse mistério do encontro do divino com o humano, em que Deus mesmo se faz como um de nós e nos reconcilia com ele.
Isso nos lembra um convite e um chamado. Como convite, é o gesto amoroso do Pai que se oferece na pessoa do Filho para nascer entre os homens, viver a nossa vida, sentir a nossa dor e suportar a nossa morte. Em meio às nossas exclusões, Jesus viveu da melhor maneira conforme as circunstâncias que lhe foram dadas. A vida de Jesus, desde o nascimento, é o modo como Deus percorre a humilhante via da reconciliação do mundo consigo. Ele se faz humano por amor do humano e, por meio de Jesus, descobrimos o verdadeiro sentido de humanidade.
Como um chamado, o desafio é de segui-lo. Jesus aponta o caminho para a vida feliz e de realização pessoal. Seguir a Jesus vai além da decisão deliberada de praticar seus ensinos. Significa tomar a forma de Cristo, ser um com ele. Isso é ser humano de fato. O que fez com que Jesus trilhasse toda a sua trajetória, inclusive seu sofrimento, foi sua visão de futuro. Ele tinha a convicção de que o Pai prepara um tempo de alegria para aqueles a quem ama. Seguir a Jesus é um projeto de vida, de se deixar ser tomado pelo amor de um Deus apaixonado e de viver para o seu propósito.
Natal com Paixão é isso: uma ocasião oportuna para acolher o amor do Pai e reorientar a vida toda para viver por esse amor. Um feliz Natal apaixonado a todos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O princípio da comunhão / The communion principle /El principio de la comunión

É preciso resgatar o sentido e a alegria de se viver em comunhão. O ponto de partida para se construir a vida em comunhão é conscientizar-se do quanto Deus nos ama e que este amor nos capacita a amar os outros. Não há como se pensar em comunhão de forma plena fora do âmbito do relacionamento com Deus, porque ele é o único capaz de nos amar como somos e nos acolher para um relacionamento profundo.
Diante do Deus que ama, a sua palavra nos diz que temos que decidir amar uns aos outros. Amar é um mandamento. Nossa decisão de amar é um ato de obediência. Deus considera o amor de uns para com os outros tão essencial que nos diz que é nosso dever amar. A essência do amor não é o que pensamos, fazemos ou providenciamos para os outros, mas como nos entregamos a eles. Nosso amor nos impulsiona a deixar de lado nossas necessidades próprias a fim de nos entregarmos totalmente à tarefa de suprir as necessidades dos outros.
A Bíblia diz também que fomos criados para a comunhão. Isso se opõe à tendência que a humanidade tem tomado. As pessoas de um modo geral têm desenvolvido uma atitude cada vez mais individualista. Numa sociedade de pessoas centradas no eu, de egos absolutos, não há lugar para a solidariedade e para a partilha. Esses requisitos são essenciais para se viver em comunhão. E onde não há oportunidade de comunhão, a comunidade não acontece. Não passa de uma multidão. Num ajuntamento de pessoas que são guiadas pelo seu eu, o resultado é uma sociedade marcada pela violência.
A comunhão não acontece automaticamente. Isso implica uma escolha de viver de um modo que a nossa vida possa ser um estímulo para o fortalecimento da comunhão. Jesus nos chamou para viver uma nova dimensão na vida em relação aos outros. A nova vida em Cristo consiste em tomar parte de uma família. É o que os primeiros apóstolos ensinaram: Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome.” Colossenses 3.15. E: “Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’.” Romanos 8.15.
O que é preciso fazer para fortalecer a vida em comunhão como um valor essencial? Em primeiro lugar, reconhecer que fazemos parte de um contexto maior, no qual Deus está envolvido. Quando a gente reconhece a soberania de Deus, abre-se espaço para que a vida em comunidade aconteça. Deixamos de ser individualistas e uma multidão violenta para nos abrirmos para o outro.  Em segundo lugar, é preciso substituir a competição pela comunhão. Numa sociedade individualista, só há lugar para a competição, mas quando deixamos Deus ser o Senhor, surge o ambiente para a comunhão. Em terceiro lugar, precisamos assumir uma vida de compromisso, em vez de seguir um programa ou uma agenda. Uma vida centrada no eu alimenta expectativas equivocadas sobre a ação do outro e coloca uma pesada e desnecessária agenda sobre os ombros do outro. Não podemos esquecer de que fomos chamados para viver em liberdade. E em último lugar, precisamos tomar a decisão por uma vida impulsionada pelo Espírito e não por uma lei. Isso é ser autêntico. Viver em comunidade exige responsabilidade. Significa assumir os riscos e a alegria de ser quem você é. Só haverá espaço para a vida em comunhão se as pessoas puderem compartilhar seus choros e alegrias, seus medos e convicções, suas vitórias e seus fracassos, suas expectativas e decepções, sem o risco de serem reprimidas ou rejeitadas.
É a Bíblia que nos encoraja a viver em comunhão. Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus.” Efésios 2.9. Uma vida assim todos nós estamos a procura. Portanto: Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” Efésios 4.3.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nossa história, nossa gente, nossa missão / Our history, our people, our mission / Nuestra historia, nuestra gente, nuestra misión

Há dois anos começamos uma trajetória com um pequeno grupo de pessoas que acreditou na possibilidade de termos uma igreja saudável e acolhedora na região oceânica de Niterói. Nossa história é construída por pessoas que acreditam que mudar é possível por causa daquele em quem depositamos a nossa fé. Nossa igreja fica no bairro de Piratininga (rua Dr. Cornélio de Mello Jr., 31 - a rua do colégio Salesiano), Niterói, e nossas reuniões acontecem todos os domingos, das 18h às 21h. Veja mais notícias em nosso blog: Orla Oceânica >>


Gente que faz a nossa história por Irenio

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Espiritualidade, fé e razão / Spirituality, faith and reason / Espiritualidad, fe y razón

Toda investigação sobre a razão leva a gente a compreender que ela não é suficiente para lidar com as contradições humanas. E o motivo é claro: a razão tem um a priori que é a própria vida. A modernidade ocidental, porém, construiu uma ideia de racionalização, envolvendo a religião, a política e o conhecimento, que fez a humanidade acreditar que o progresso é possível, desejável, inevitável e até irreversível.
Revivemos, com isso, o mito de Prometeu. Chegamos a desenvolver a crença de que a racionalidade, que valoriza a técnica e a ciência, é capaz de criar o mundo dos sonhos, de trazer o céu à terra. Há nisso um aspecto demoníaco da atitude humana que desperta um otimismo exagerado a respeito de si mesmo e sufoca a esperança ao que transcende o real. A razão moderna acabou por promover o divórcio entre o homem e a natureza.
Na verdade, essa razão moderna é ingênua, reducionista e desumanizante. Ao afirmar essa onipotência da razão, a própria modernidade acabou fazendo uma declaração de seu próprio fracasso. Como denunciou Heidegger, o dualismo – calcado na relação sujeito e objeto – é uma tentativa fracassada de explicação do ser.
O cristianismo tem sido, ao mesmo tempo, vítima e mentor dessa configuração ocidental. Ao colocar a racionalidade em questão, ele também é posto sob suspeita. A relação dualista tende a transformar tudo o que não é sujeito em objeto, inclusive Deus. Com isso, exclui a subjetividade do processo de conhecimento a título de uma máxima especialização, dominada pela objetividade, que não conduz à compreensão da realidade e do todo.
A crise que tem afetado a cultura e o mundo alcança também a igreja, o crente, as relações que nos cercam. As mudanças que acontecem no contexto atual estabelece exigências de diálogo com as novas possibilidades de conhecimento e de afirmação de si. Aqueles que se prendem a uma atitude conservadora tendem a se fechar ao diálogo, elegendo um momento histórico, absolutizando-o e divinizando-o. De tal maneira que a compreensão integral do ser humano não comporta mais a concepção engendrada pela modernidade.
O que se faz necessário hoje não é rejeitar a modernidade, mas reconhecer que o projeto de se abarcar a totalidade por meio de uma razão analítica, onipotente e instrumental fracassou. As conquistas estão aí para mostrar os avanços que essa maneira de pensar proporcionou. Ninguém quer voltar à pré-modernidade, a um contexto medieval. A razão esclarecida e científica continua encontrando ressonância na política, na educação e até na maneira de se construir as condições de bem-estar e de felicidade. Porém, estamos distantes de nos tornarmos pessoas que têm controle sobre a natureza. As guerras mundiais, os totalitarismos, os fundamentalismos, o individualismo, a ganância, a intolerância e o preconceito trazem de volta a barbárie, que está na base das crises atuais: ecológica, econômica, moral e religiosa, bem como as injustiças, a desigualdade e a violência.
O racionalismo nos impediu de nos sensibilizarmos com o transcendente, com o inefável, com aquilo que desperta o cuidado com o outro. Ao trazer o divórcio entre natureza e cultura, fez também o divórcio entre a razão e a ética. Gaston Bachelard disse: “eu sou o resultado de minhas ilusões perdidas.” Isso me leva a pensar que toda objetividade comporta uma subjetividade e que toda a subjetividade implica uma objetividade.
A mentalidade moderna e ocidental construiu uma noção de mundo em duas esferas, uma do bem e outra do mal, um agora e um além, uma física e outra espiritual, uma natural e outra racional. Dietrich Bonhoeffer compreendeu a importância da razão para a espiritualidade e para a fé em sua Ética. Ele disse: “A razão não é um princípio divino de saber e ordem, superior ao natural, existente no ser humano; ela própria é parte dessa forma de vida preservada, a saber, aquela parte apta a trazer à consciência, a ‘perceber’ como uma unidade o todo e geral existente no real.” Dito de outro modo, toda a fundamentação da natureza e do real está na espontaneidade subjetiva da razão. E isso também é espiritualidade.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Como será o amanhã? / How will the future? / ¿Cómo será el futuro?

Um dos mais antigos desejos humanos é a previsão do futuro. Entretanto, a melhor maneira de prever o futuro é investir em sua construção hoje. Foi o que Peter Drucker afirmou: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.” A construção do futuro é um tema presente no imaginário da humanidade há muito tempo. Isso tem fascinado escritores, pensadores e pesquisadores em épocas diversas. O ser humano é o único ser vivo que tem noção do futuro e que, por isso mesmo, consegue trabalhar o seu imaginário no sentido de idealizá-lo. O futuro é o que representa nossas expectativas e a nossa esperança, uma vez que o presente já se encontra desvendado e o passado constitui nossas lembranças.
A ideia de uma viagem no tempo é uma ficção que tem alimentado o cinema e a literatura, mas que passou a ser tratada como uma possibilidade quando o matemático Kurt Godel, na década de 1940, analisou as equações propostas por Albert Einstein, apontando para a transposição de informações para além do tempo.
Para nossa noção de temporalidade, o passado é imutável, o presente é o instante vivido e o futuro é o que está em aberto. A exigência de deixar nossa realização para um “quando” acaba se tornando uma síndrome que dificilmente nos livramos. A nossa felicidade é transferida para quando comprar a casa própria, para quando casar, para quando formar os filhos, para quando se aposentar. Da mesma forma, na época em que os ocidentais desenvolveram a noção de carpe diem, que incita a desfrutar o presente, isso se tornou um verdadeiro engano. Não dá para viver o presente ignorando que o futuro virá. Isso foi sinal de decadência para o império romano.
Jesus também nos ensinou a não nos preocuparmos com o amanhã. Porém isso não significa desprezar o futuro. A melhor maneira de se lidar com o futuro é vivendo a realidade do Reino no presente. Muitos acham que a questão do futuro está ligada a um além distante, um evento fora do tempo. Mas o que Deus tem a fazer para a vida humana está imerso na história. Jürgen Moltmann reconhece que nós não somos só interpretes do futuro, mas já os colaboradores do futuro, cuja força, na esperança como na realização, é Deus.” O grande desafio que temos diante de nós, portanto, é restaurar as práticas da esperança no presente de maneira que nos tornemos responsáveis pelo futuro da humanidade.
Você pode se preparar para o futuro de duas formas: vendo-o como resultado do acaso ou tratando-o como resultado de suas escolhas. No primeiro caso, ele não passa de um destino sobre o qual não temos qualquer controle, um mistério insondável sujeito aos desígnios da sorte ou do revés. No segundo caso, você precisa dar mais atenção a isso agora. Certa vez, o especialista em gestão Tom Peters, ao ser indagado sobre como será o futuro, afirmou: “Como será o futuro eu não sei. Só sei que você terá de estar preparado para ele seja ele qual for.”
O futuro já está presentificado, de forma intrínseca, nas práticas do presente. O que realizamos hoje aponta para o futuro. A Bíblia trata o futuro de duas formas A primeira como resultado de nossas escolhas. Paulo afirma que tudo o que plantamos colhemos. “[...] o que o homem semear, isso também colherá.” Gálatas 6.7. A segunda como resultado de promessa. O profeta afirma que Deus tem planos de nos dar um futuro de paz e restaurar nossa esperança. “‘Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor,’ planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro’.” Jeremias 29.11.
Para a teologia cristã, estas duas formas estão inter-relacionadas. Isso nos remete a duas capacidades que podemos desenvolver: a de traçar objetivos e a de sonhar. Quem não tem objetivos claros na vida e quem não desenvolve a capacidade de sonhar vive de forma insegura. Os objetivos apontam caminhos que podemos trilhar e os sonhos só existem quando acreditamos neles.  É a lógica do futuro: a capacidade de investir tempo e trabalho na conquista de objetivos e na realização de ideais. E isso nós podemos fazer agora.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Voto consciente: exercício de democracia e espiritualidade / The conscious vote / El voto consciente

Novas eleições se aproximam e a gente se surpreende, mais uma vez, com a prática dos chamados votos de cabresto. Sob novas modalidades, claro. Mas não era para haver surpresas, dado que já é uma prática antiga. Tão antiga quanto a democracia. Então, por que a ideia de se cultivar “currais” eleitorais e a compra de votos persiste numa sociedade que quer ser livre e autônoma?
Aristóteles, um dos pensadores que formulou o princípio da liberdade política, na qual a democracia tem sua base, entendeu que isso envolve um tipo de saber que nos ajuda a agir visando a felicidade e o bem comum. Ele argumentou que todo o regime político comporta desvios. Os regimes que ele conhecia em sua época eram: a monarquia, a aristocracia e a politeia. Os desvios correspondentes a esses regimes eram: a tirania, a oligarquia e a democracia, sendo este último como “a pior das formas boas, mas a melhor entre as variedades más”.
Norberto Bobbio, um dos críticos contemporâneos da democracia, afirmou no livro Igualdade e liberdade que “os cidadãos de um Estado democrático se tornam, através do sufrágio universal, mais livres e mais iguais. Onde o direito de voto é restrito, os excluídos são ao mesmo tempo menos iguais e menos livres.” Votar, por pior que isso possa parecer, ainda é o modo pelo qual podemos exercer a nossa liberdade na construção de uma sociedade mais justa.
Quando a gente toma conhecimento de atitudes que violam o direito ao voto, isso soa como mais uma forma de violação das liberdades. Isso se agrava ainda mais quando praticado por líderes religiosos, comunitários ou mesmo do mercado. Nesses casos, tais práticas são marcadas por fisiologismo, interesses escusos e até de manutenção de esquemas que sempre nutriram a corrupção e desvios de dinheiro público.
Essas práticas estão presentes na sociedade através do discurso que se dá popularmente sobre as eleições e o envolvimento com a política. Tentei arrolar algumas das frases que muita gente anda dizendo e que trazem de forma implícita uma tentativa de desviar o eleitor do exercício de liberdade na hora de votar. Veja quais são:
1.       “O voto é meu e faço dele o que quiser.” O voto não é seu. O voto é da sociedade. Ele não pode ser usado de acordo com a sua vontade livre, mas para o bem comum. Vale lembrar que voto não tem preço. Tem consequência. O que se chama hoje de vontade livre é marcado pelo individualismo e pelo hedonismo, longe do sentido de comunidade. Votar consciente faz parte do sentido de comunidade.
2.       “Vou anular o meu voto.” Anular o voto corresponde a um voto consciente a menos. Os maus sabem se organizar para seus empreendimentos. Eles já têm os seus votos garantidos. A única forma de frear os seus intentos é aumentar o número de pessoas votando com consciência. Um voto anulado é apenas mais um que abriu mão de sua responsabilidade de construir uma sociedade mais justa.
3.       “Isso nunca vai mudar.” A mudança é parte da nossa realidade. Estamos sempre mudando. O problema é que pode ser para pior ou para melhor. Mudanças exigem esforço, reflexão e escolhas. O momento do voto deve ser o resultado disso. Por isso, faça um esforço prévio de conhecer o candidato, reflita criticamente sobre a realidade que a sociedade vive e escolha o candidato que tem uma proposta de trabalho que corresponda às mudanças que você deseja.
4.       “Irmão vota em irmão.” O cristão sincero não tem que votar em candidatos de sua religião. Se você é um seguidor de Jesus Cristo, você deve votar em quem tem compromisso com o sentido de justiça, compaixão, solidariedade e ética que o evangelho propõe. Nem todo o que se diz irmão tem esse compromisso. E há pessoas comprometidas com esses ideais que nem religiosas são.
5.       “Pior do que está não fica.” Pior do que está é permanecer do mesmo jeito, com o mesmo quadro de desigualdade, de violência e de maldade que estamos inseridos. Não haverá melhoria enquanto houver continuidade do que sustenta a estrutura e a conjuntura atual.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O princípio da celebração / The principle of celebration / El principio de la celebración

Você já deve ter assistido diversas vezes àquelas comemorações estranhas com dancinhas e outras manifestações dos atletas quando fazem um gol no futebol. O que isso tem em comum com a nossa vida diária é que precisamos aprender a curtir as conquistas e as superações a cada etapa da vida como se fossem partes essenciais de nossa realização. Isso é uma demonstração para nós mesmos de que estamos comprometidos com o que deseja alcançar, bem como para dar mais valor aos momentos vividos.
A gente descobre cedo que a maior parte de nossas conquistas e realizações não é fruto de merecimento, mas é resultado de oportunidades que são verdadeiras dádivas. Celebrar até mesmo as pequenas conquistas é um modo reconhecer que sozinhos não as teríamos alcançado. Aprender a celebrar, portanto, tem a ver com aprender a viver e a dar valor à vida. Porém, o individualismo e o hedonismo que marcam a sociedade de consumo e do espetáculo atualmente dão uma ênfase aos momentos individuais de celebração como se tudo dependesse de nós mesmos. A melhor maneira de celebrar uma conquista é partilhar esse sentimento de realização com outras pessoas, principalmente com aquelas que mais contribuíram para nosso sucesso.
Celebrar junto é mais significativo porque estimula a que novas conquistas aconteçam, dando continuidade à dinâmica da vida, que se dá em meio a uma sucessão de realizações. Muitas vezes, não comemoramos nossas conquistas porque esperamos reconhecimento e aprovação das pessoas. E isso pode se tornar fonte de frustração, de decepção e até de desistência. Entretanto, é preciso estar consciente de que cada etapa vencida é parte de um longo processo de amadurecimento e crescimento pessoal. Ao ignorar o valor de seus esforços, inconscientemente você é desencorajado a conquistas maiores.
Deus sabe de antemão que você não é bom em tudo. Ele conhece os seus pontos fracos. O diabo também. A diferença é que Deus o ama como você é e o ajuda nas fraquezas. A Bíblia mesmo nos orienta: “Em tudo dai graças.” 1 Tessalonicenses 5.18. Essa atitude corresponde a dar honra a quem realmente tem contribuído para nossas conquistas. Aliás, celebrar é reconhecer o valor de nossas conquistas e atribuir um significado para as nossas realizações.
A celebração que é voltada para si mesmo comporta muitos riscos. O momento em que um time está mais sujeito ao contra-ataque é após a comemoração de um gol ou de uma grande jogada. O maior risco de derrota na guerra é logo após vencer uma batalha. Isso não significa que você está impedido de celebrar. Ao contrário, é um convite a uma atitude de confiança, reconhecendo que uma pequena vitória hoje é o prenúncio de uma grande conquista amanhã. Mesmo que fracassos aconteçam, nunca podemos perder de vista que a vida comporta uma totalidade. Uma vitória nem mesmo uma derrota são um fim em si mesmas. Nem sempre um aluno não é aprovado porque passou em todas as provas ou porque acertou todas as questões. A aprovação é sempre resultado de perseverança no conjunto das avaliações. Lembre-se de que ter uma vitória não é o mais importante e sim permanecer um vencedor.
Você pode celebrar de várias maneiras: com ações, com gestos e com expressões. Contudo, nenhuma delas é tão significativa quanto aquela que se converte em palavra. A Bíblia dá destaque a algumas palavras que estão presentes nas manifestações de júbilo e de alegria por parte daqueles que celebram suas conquistas como sendo dádivas de Deus para a vida. Aleluia, amém, glória e hosana são algumas delas. Elas não só demonstram a alegria pelas realizações, mas também servem para reconhecer a quem atribuímos as razões de nossas muitas vitórias.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Missão Integral: Sinalizando o Reino entre nós / Integral Mission: Signaling the Kingdom / Misión Integral: Señalización del Reino

A relação entre missão e igreja é essencial. Caso essa relação não seja afirmada e fortalecida, a igreja corre o risco de não ser mais relevante. É preciso resgatar a ideia de que a  igreja não tem como propósito ser grande, rica ou politicamente influente, mas encarnar os valores do Reino de Deus no mundo. Foi isso que Jesus veio fazer: tornar o Reino de Deus presente entre os homens. Seus sinais são visíveis em meio aos nossos sofrimentos, trazendo salvação, graça e livramento de toda forma de opressão e injustiça.
Michael Green afirmou que essa é a natureza da igreja: “A igreja ou é missionária ou não é igreja.” O desafio é criar modelos de missão centrados num estilo de vida que aponte para Jesus como o Senhor da vida, que nos propõe o fim das barreiras que promovem a desigualdade, a opressão e a injustiça entre os homens. Esse desafio inclui encarar o discipulado e a evangelização não mais vomo meios para salvar a alma da perdição eterna tão somente, mas como um projeto de restauração da vida humana em sua totalidade.
A Bíblia entende o ser humano como alguém que se relaciona em comunidade, em meio a uma cultura, com todas as implicações de poder que isso envolve. O ser humano não é um ser isolado. Por isso que o propósito de Deus é restaurar a integridade da vida humana e isso se dá no contexto da igreja e através da igreja. Jesus Cristo veio quebrar as barreiras que impedem a realização de uma nova humanidade que se fundamenta no princípio da solidariedade e se torna visível no ambiente da igreja.
Falar do propósito de Deus nesse sentido é falar do Reino de Deus. É nesse sentido que falamos de missão. A missão da igreja é missão de Deus em resgatar toda a criação pra si. Isso tem a ver com a luta contra todas as formas de maldade e injustiça, com espressões concretas de compaixão, com o cuidado com a natureza e com a adoção de um estilo de vida mais simples.
Missão é assumir esse propósito historicamente, aqui e agora, sinalizando de forma concreta a presença do Reino entre nós. Fomos acostumados com uma teologia que apresenta o Reino de Deus como uma realidade futura no final da história. Entretanto, a Bíblia deixa claro que o Reino de Deus é uma realidade presente, por meio de Jesus Cristo que toma forma no mundo através da vida daqueles que acolheram o seu chamado, que se reunem numa nova comunidade, a igreja.
A missão da igreja é missão histórica como antecipação do fim. É disso que a Bíblia fala quando diz: “Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos.” 1 Coríntios 15.28. A grande questão que se levanta é: como poderemos viver a missão enquanto não abrirmos mãos de um estilo de vida orientado por valores que não são do Reino? Isso demanda uma transformação radical das relações que temos desenvolvido como corpo de Cristo no mundo, na maneira como temos vivido a oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos. Esse deve ser o nosso grande projeto de igreja.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mensalão: corrupção, moralismo e mudanças políticas no Brasil / Corruption, moralism and political changes in Brazil / La corrupción, el moralismo y cambios políticos en Brasil

O julgamento dos 38 acusados de envolvimento no escândalo de corrupção conhecido como “Mensalão” é o maior da história do Judiciário no Brasil. Ele já é reconhecido como o mais sofisticado esquema de desvio de dinheiro público já identificado na história. Nunca antes na história do Brasil um sistema de corrupção foi revelado, embora sempre tenha havido indícios de existência de manobras e tramoias para todo tipo de facilitação de desvio de dinheiro para atender a interesses pessoais.
O fato ganhou força a partir de um conjunto de reportagens, iniciado pelo jornal A Folha de São Paulo e veiculado pela revista Veja a respeito do episódio. A crise institucional que atingiu o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva no ano de 2005 ficou conhecida como “mensalão” por causa do nome usado por Roberto Jefferson para descrever o pagamento de propina a parlamentares para a compra de votos. Segundo o cientista político Augusto Nunes (2005), o acontecimento foi marcado por uma sucessão de denúncias e se tornou um exemplo do moralismo com que a classe média passou a questionar o ideal de honra do Partido dos Trabalhadores e que provocou mudanças no modo de entender a corrupção no Brasil.
A revista Veja caracterizou-se como o veículo de informação que mais deu ênfase ao escândalo com uma sucessão de reportagens principais durante quase oito meses daquele ano. A primeira reportagem ocorreu em 18 de maio de 2005, denunciando um esquema de corrupção nos Correios, envolvendo a atuação de seu diretor Maurício Marinho em um momento de recepção de dinheiro da corrupção, flagrado através de um vídeo gravado.
Sistematicamente, o periódico semanal alimentou a crise com uma sequência de acontecimentos até resultar em seu esvaziamento, marcado pela reportagem da cassação do então Deputado Federal e ex-ministro José Dirceu, publicada na edição de 7 de dezembro de 2005. Durante todo o tempo, a ideia de “mensalão” foi realçada por uma sucessão de significados, construídos ao longo do percurso, muitas vezes simbolizados por dinheiro em malas, peças íntimas masculinas e outros objetos, a fim de dar materialidade aos sentidos.
O mensalão existiu? Sim. Não só existiu em relação ao epísódio, mas também em toda a história da República brasileira. E continua existindo tanto em nível federal, quanto estadual e municipal. O que diferencia o episódio de 7 anos atrás é o fato de que acontecia dentro de um governo que havia chegado ao poder com um discurso ético. Além disso, estava em jogo a figura política do operário que havia galgado o cargo mais alto da política brasileira, que sempre foi dominado por uma elite.
A pergunta que se faz é: o STF está em condições de fazer um julgamento jurídico isento de influências políticas do mensalão? A mídia influenciada por essa elite que sempre esteve ligada ao poder quer que seja um julgamento político, mas a sociedade exige que seja amplo e justo. A crise do mensalão não só foi a pior crise da República, mas também um indicativo de que conchavos não são mais eficientes para soluções de problemas relacionados ao exercício do poder.
A corrupção no Brasil - e no mundo - não é nova. Propina, recurso não contabilizado e caixa dois de campanha são outros nomes para mensalão. Essa prática ainda está longe de acabar na política brasileira. O que se imagina é que existe um recurso não contabilizado que sustenta as campanhas eleitorais no Brasil desde o início da República que só tem acesso a ele quem está no poder.
Entretanto, o Brasil não foi mais o mesmo depois das primeiras imagens de corrupção dentro dos Correios. A banalização da propina nunca mais foi a mesma, uma vez que foi exposta de forma a criar uma aversão à prática. Sem perceber, o ato de embolsar uma pequena quantia fazia história e mudava o rumo na forma de tratar a coisa pública.
Após o mensalão, a ética deixou de ser bandeira de uma legenda para ser uma exigência, assim como a forma de fazer política deixou o eixo moral e se deslocou para temas mais concretos como programas e conquistas governamentais. Segundo os autores do Memorial do Escâncalo, Gerson Camarotti e Bernmardo de La Peña, “toda vez que um país enfrenta momentos como os vividos na crise de 2005 [...] a sociedade como um todo amadurece.”

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Em busca da vitória: O ideal olímpico e a busca de uma vida vitoriosa / The Olympic ideal and the search for a victorious life / El ideal olímpico y la búsqueda de una vida victoriosa

Os jogos olímpicos acontecem a cada quatro anos. Atletas de todo o mundo representam os seus países para superarem marcas e mostrarem o seu valor em busca da medalha de ouro. São cerca de 300 em mais de 30 modalidades esportivas, disputadas por mais de 10 mil atletas de 205 países. Em cada prova são distribuídas medalhas de ouro, prata e bronze para os três primeiros colocados.
Os jogos olímpicos são inspirados nas competições realizadas pelos antigos gregos. Os primeiros Jogos Olímpicos aconteciam também de quatro em quatro anos há mais de 2.700 anos na Grécia antiga. O torneio era uma celebração em tributo aos deuses. Durante sua realização, todas as cidades deveriam interromper suas guerras. Mas, por volta dos anos 393 e 394 dC, o imperador Teodósio I terminou com os Jogos sob a alegação de que todas as referências pagãs da antiguidade deveriam ser interrompidas.
Nos tempos modernos, ressurgiu o desejo de se reviver os jogos olímpicos como uma forma de celebrar a paz entre as nações. Pierre de Frédy, um pedagogo e historiador francês, entrou para a história como o fundador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Pierre de Frédy ficou mais conhecido pelo seu título de Barão de Coubertin.
Em 1884, o Barão de Coubertin organizou um congresso internacional na Sorbonne, em Paris, para criar o Comitê Olímpico Internacional (COI). Dois anos depois foram realizados os Jogos Olímpicos em Atenas, na Grécia, a pátria dos Jogos Olímpicos da Antiguidade.
Os jogos olímpicos nos remetem a valores que podem mudar a vida, reconstruir o futuro, superar barreiras. Sob essa ótica, o esporte e a atividade física são para nós motivadores e revelam a necessidade de deixarmos de lado o individualismo, os limites, a fraqueza, para dar lugar a sentimentos que são únicos e que se perpetuam na nossa memória.
Em 1924, durante os jogos olímpicos de Paris, surge pela primeira vez o uso do lema olímpico “Citius, Altius, Fortius”, expressões latinas que querem dizer: mais veloz, mais alto, mais forte. Esse lema foi idealizado pelo monge francês Dideon, amigo do Barão de Cobertin. Estas palavras sintetizam o ideal que todo atleta deveria buscar em sua participação nos jogos.
O ideal olímpico está ligado ao ideal humanista de valorização da pessoa humana. Durante as disputas de cada modalidade, o foco é alcançar a perfeição da atividade humana com o fim de descobrir os limites da capacidade do homem. Entretanto, os ideiais olímpicos não são suficientes para dar conta de nossa condição humana.
Jesus Cristo veio ao mundo para dar a cada um de nós a condição para nos afirmarmos como seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus. Jesus Cristo fez-se homem para resgatar a nossa condição humana e nos apresentar a Deus perfeitos por sua graça.
Tomando por base o lema olímpico, queremos convidar vocês a pensar nos ideais de uma vida com Deus. Tal como acontece nos jogos, a vida exige de nós uma ação dedicada para alcançarmos os propósitos que Deus tem para nós. Nós precisamos desenvolver valores que nos ajudem a assumir uma atitude vitoriosa frente aos desafios que nos são apresentados e que nos proporcionam um relacionamento mais profundo com Deus.
O próprio Barão de Coubertin, idealizador das olimpíadas dos tempos modernos, disse: “Os jogos Olímpicos foram criados para a glorificação do campeão”. E a dimensão do fenômeno é a demonstração disso mesmo. O olimpismo, como a manifestação extasiante da alegria do esforço, a demonstração do valor educacional do exemplo e o respeito por princípios éticos universais, é uma filosofia de vida que deveria cativar a todos. Competir, superar-se, ser o melhor, tornou-se uma necessidade.
Os jogos olímpicos de 2012 acontecerão na cidade de Londres, na Inglaterra. Durante alguns dias, assistiremos atletas que se esforçam para alcançar os seus objetivos. O apóstolo Paulo também fez referência a isso, certa vez. Ele disse: “[...] Corram de tal modo que alcancem o prêmio” (1 Coríntios 9.24). Pensando nisso, esperamos que esse seja um período para que todos nós venhamos reavaliar a nossa experiência com Deus e nos prepararmos para um tempo de vitória e de bênçãos que Deus tem preparado para cada um de nós. O nosso desejo, com isso, é que você também possa ser um vencedor por meio da fé em Jesus Cristo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Censo 2010: o sentido do crescimento evangélico e do encolhimento católico / Growth of Evangelicals in Brazil / El crecimiento de los evangélicos en Brasil

Os dados do censo de 2010, em comparação com o anterior, apontam o crescimento do número de evangélicos e o encolhimento do número de seguidores do catolicismo no Brasil. Hoje, o país conta com 64,6% de católicos e 22,2% de evangélicos, em seus mais diversos segmentos.
Essa tendência de redução dos católicos e de aumento de evangélicos já é algo esperado no cenário religioso brasileiro, principalmente por causa do crescimento dos segmentos pentecostais e neopentecostais. Até então, esse crescimento se devia em muito ao aumento da população e, em menor escala, ao proselitismo. Pela primeira vez, essa diferença se dá em números absolutos, com a diminuição do quantitativo de fiéis católicos, apesar do crescimento populacional. Acredita-se que, nos próximos 30 anos, o número de evangélicos seja superior ao de católicos no Brasil.
Essa tendência vem se acentuado desde o final do século XIX, com a chegada do protestantismo de missão, com uma ação missionária acentuada nos grandes centros urbanos e nas periferias. De início, deu-se de forma lenta, mas, a partir da década de 1990, essa diferença passou da casa dos 5% para os atuais 22,2%. O aumento foi de 44,1% nos últimos dez anos, o que é menor que o índice verificado na década anterior (71,1%). Pode se dizer que se trata de uma revolução silenciosa, mas que não corresponde a uma mudança significativa em termos sociais.
Outro indicador importante é o crescimento do número de evangélicos sem vínculo com uma igreja. Esse contigente passou de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, conforme dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, divulgados em 2011. Em relação à população, o salto foi de 0,7% para 2,9%, o que equivale a 4 milhões de pessoas aproximadamente.
O crescimento dos sem religião no Brasil, porém, é um dado novo que deve chamar nossa atenção. O crescimento do grupo dos que se dizem sem religião (incluindo os que afirmam serem ateus e agnósticos) foi na ordem de 70,2% nos últimos dez anos. Na verdade, os grupos religiosos de um modo geral experimentaram crescimento. Isso demonstra outro dado novo visto que demonstra o crescimento da diversidade religiosa no Brasil. Cresce também a intolerância e o preconceito religioso. Mas isso não aprace nos números do censo. O preconceito e a intolerância se dão de uma forma curiosa, através da construção de estereótipos que tipificam a figura de evangélicos e umbandistas, por exemplo.
A diminuição do número de católicos não significa diminuição da influência da instituição no Brasil, nem o crescimento do número de evangélicos significa crescimento da participação dos crentes na vida social. O crescimento dos evangélicos no Brasil aponta apenas uma mudança expressiva: fortaleceu um mercado religioso que mobiliza igrejas e empresas. Igrejas que tratam a fé como produto e a religião como mercado, empresas ávidas por oferecerem toda sorte de mercadoria para dar conta da demanda de uma nova categoria de consumidores. A igreja não é só o lugar do ritual e do sagrado, mas também de troca e de cuidado com os bens materiais. E isso não se dá somente no contexto da chamada teologia da prosperidade.
Os dados do último censo no Brasil reforçam o que as críticas já apontavam. Eles revelam a necessidade urgente de o cristianismo rever o desempenho de sua missão no contexto brasileiro. Isso não pode servir, de nenhum modo, para o ufanismo de lideranças, mas para conduzir a uma reflexão profunda sobre quais aspectos da ação pastoral precisam ser ajustados, tanto para um maior crescimento numérico como para consolidação dos espaços já conquistados. Deve, sim, nos ajudar a repensar o nosso jeito de fazer missão.
Para ajudar nessa relfexão, é bom lembrar de Dietrich Bonhoeffer, que, em 1944, estando preso pelo nazismo, disse: “A Igreja é Igreja somente se estiver aí para outros. Para começar, deve entregar tudo aos necessitados. Os pastores devem viver exclusivamente de doações livres da comunidade e eventualmente exercer uma profissão secular. A Igreja tem que participar das tarefas seculares da vida comunitária, não dominando, mas ajudando e servindo. Ela deve dizer às pessoas de todas as profissões o que significa uma vida com Cristo, o que significa, “estar-aí-para-outros”.”
(Imagem: http://oglobo.globo.com/, acesso em 29/6/2012)

terça-feira, 26 de junho de 2012

O princípio da solidariedade / The principle of solidarity / El principio de solidaridad

Certa vez Betinho disse que solidariedade não se agradece, comemora-se. Nunca se falou tanto em solidariedade. Empresas se especializam em desenvolver programas que promovam a solidariedade. A razão para isso é a necessidade latente de uma mudança de atitude que traga novas perspectivas para hoje, diante de tantas carências. Porém, cada vez mais se compreende que há recursos suficientes para todos. O problema é que vivemos num mundo marcado pela individualização e pela globalização. A lógica que rege as relações é voltada para o consumo, para a ganância e para a competição.
A solidariedade é um valor que orienta a ação humana a partir do sentimento de identificação com o outro com a finalidade de permitir a vida em comunhão, em que são fortalecidos o respeito mútuo e o sentido de realização pessoal. Nasceu da necessidade da vida em comum, que se acentua com o surgimento do ideal de civilização. Mas mesmo nas sociedades menos desenvolvidas já se veem os princípios da vida solidária entre os pertencentes do mesmo grupo.
Esse é um ideal humano antigo. O primeiro princípio constitucional da república brasileira é o de construir uma sociedade livre, justa e solidária. Aristóteles já compreendia em seu tempo que ninguém pode bastar-se a si mesmo. “Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus, ou um bruto”, disse. Na Utopia de Thomas More defendeu-se a ideia de que a natureza “quer que o bem-estar seja igualmente dividido entre todos os membros do gênero humano, e, desse modo, adverte-nos que não devemos perseguir os nossos interesses à custa da infelicidade alheia.” Para Dürkheim, a solidariedade é como as pessoas se mantêm unidas na dinâmica da vida social, como um sentimento de pertença e de semelhança.
A Bíblia toda ensina a sermos solidários. Há muita sabedoria nessa afirmação: “Aquele que oprime o pobre com isso despreza o seu Criador, mas quem ao necessitado trata com bondade honra a Deus”, Provérbios 14.31. O profeta Isaías chegou a questionar qual seria a melhor maneira de agradar a Deus: “Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?” Isaías 58.7.
Jesus ensinou que o princípio da nossa ação deve ser orientado pela maneira como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos na mesma situação do outro. Para Jesus, solidarizar é colocar-se no lugar do outro. Ele disse no Sermão do Monte: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas”, Mateus 7.12.
Precisamos construir juntos uma nova experiência de Deus em que sejam superadas a desigualdade e a injustiça, em que o sentido de propriedade e de liberdade ganhe uma nova conotação que estimule a vida em comunidade. É possível a construção de uma sociedade solidária? Seguindo a lógica da competição vigente na atualidade, não. Mas seguindo a orientação do Espírito Santo, sim. Foi isso que os primeiros cristãos experimentaram.
Solidariedade é o tema da pauta por um mundo melhor. Entretanto, para usar uma expressão de Antoine de Saint-Exupéry, “a verdadeira solidariedade começa quando não se espera nada em troca.” Apenas por desejarmos uma vida mais humana, tal como Deus sonhou para nós.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rio+20: o legado para o futuro que queremos / The legacy for the future we want / El legado para el futuro que queremos

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável deixa algum legado para a construção de um futuro melhor? Embora muitos comentários apontassem para o fracasso de um acordo com fixações de metas ambiciosas para as ações dos governos, acredito que há uma interessante contribuição dada pela Rio+20. Alguns até entendem que houve um retrocesso na tentativa de se formar uma consciência global no cuidado do meio ambiente e da vida, mas vejo que houve uma mobilização que irá orientar as discussões em torno do tema daqui por diante.
Em termos concretos, a gente pode dizer que o Espaço Humanidade se constituiu numa oportunidade de oferecer por meio da arte a reflexão sobre o modo como temos estabelecido nossas relações com a natureza e como temos lidado com a vida. A própria iniciativa de se criar um centro de pesquisa sobre sustentabilidade ligado a uma das maiores universidades da América Latina também é uma grande inovação. Podemos falar também da ênfase que se deu na formação de uma consciência planetária, baseada no princípio do agir localmente e pensar globalmente.
O maior legado, no entanto, é a capacidade demonstrada para se construir novas utopias, como a afirmação que as próximas gerações precisam ter as garantias mínimas de disporem dos mesmos recursos que hoje podemos contar. Uma outra utopia é a ideia de que uma nova mentalidade precisa substituir a que domina o consumo atual. Ficou evidente também a aspiração de uma nova consciência política a fim de que não haja mais espaço para a corrupção e regimes exploradores. A maior de todas as utopias, porém, é a convicção de que é preciso e é possível erradicar a pobreza extrema com ações concretas.
Ficou também a abertura para novas possibilidades de se cuidar da vida humana e suas relações. As manifestações que tumultuaram a cidade do Rio de Janeiro, os eventos paralelos e os discursos das autoridades durante a conferência deram conta de que há uma exigência para uma nova relação do homem consigo mesmo. Uma atitude que possa levar à superação do narcisismo e do hedonismo que marcam o comportamento que tem levado às principais causas que impedem a afirmação de uma consciência de sustentabilidade. Uma nova espiritualidade se faz necessária, que dê conta da salvação do homem de sua própria perdição. Não se salva o mundo abraçando árvores. Num tempo em que se dá tanta ênfase aos direitos individuais e de minorias, a Rio+20 colocou em questão a necessidade humana de se viver com dignidade e de se construir valores que estejam relacionados ao resgate de nossa humanização. O maior direito a ser garantido é o da vida. E é nessa hora que ouço a voz de Jesus em meio a tantas vozes que clamam por uma vida melhor: “eu vim para que tenha vida, e a tenham em abundância.”

terça-feira, 19 de junho de 2012

Rio+20: Caminhos para um mundo mais sustentável / Ways to a sustainable world / Caminos hacia un mundo sostenible

A Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, já começou prometendo ser um fracasso no que diz respeito à produção de um acordo para aquilo que tem se chamado de “economia verde”. Seu grande legado, no entanto, será envolver a sociedade organizada em um leque de discussões que pode suscitar mudanças de atitude.
O maior problema enfrentado tem a ver com a adequação do modelo econômico adotado para comportar o princípio da sustentabilidade. Outro problema grave é a respeito de quem vai pagar a conta da implantação de um novo paradigma para a economia mundial. O que se prevê é que esse custo represente cerca de 2% de toda a riqueza produzida no mundo. O custo com material bélico e até mesmo o custo para cobrir o rombo dos bancos em meio às grandes crises envolvem somas muito maiores.
Já se chegou à conclusão de que este é o momento para tomada de decisões a fim de possibilitar os mesmos recursos de que dispomos para a próxima geração. Caso não sejamos capazes de uma decisão que contenha os avanços do consumo, as possibilidades de solução diminuem conforme o tempo passa.
Já se chegou à conscientização de que a natureza fornece recursos para o consumo sustentável para um planeta com até doze bilhões de habitantes. Entretanto, se cada pessoa consumir como um cidadão norte-americano, serão necessários três planetas Terra para dar conta.
Uma outra constatação é que o fenômeno do aquecimento global tem sido questionado cientificamente. Sua principal causa pode não ser a emissão de gases do efeito estufa. Outros problemas precisam de maior atenção, tais como as causas do processo de desertificação e o comprometimento dos mananciais de água para o consumo humano.
Os caminhos para o desenvolvimento sustentável passam, portanto, por atitudes do tipo:
- erradicação da miséria, proporcionando oportunidade de geração de renda e a desocupação das áreas de risco;
- repensar o papel das cidades, as formas de organização da vida urbana e a relação das cidades com as áreas de preservação ambiental;
- mudança do modelo econômico vigente, substituindo a lógica do lucro pela lógica da parceria, a base monetária por uma preocupação mais social e o consumismo pela dinâmica do contentamento;
- cuidado com a geração futura, com ênfase no conhecimento e na formação de valores para o sentido de comunidade e não da competição;
- formação de lideranças participativas, com o combate à corrupção e a rejeição às lideranças autocentradas a partir de princípios de transparência no trato do bem comum.
Pensar em sustentabilidade é imaginar um mundo ecologicamente mais limpo, socialmente mais justo e politicamente mais ético. Embora a Rio+20 possa resultar em poucas soluções práticas, isso desperta a necessidade de uma nova espiritualidade. “Noutros tempos, blasfemar contra Deus era a maior das blasfêmias [...] Agora, o mais espantoso é blasfemar da terra”, disse Nietzsche. Não resta a menor dúvida que acima das decisões dos governos está o chamado divino a uma atitude de respeito à vida como resposta de amor ao Deus da vida.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O princípio para compartilhar / Sharing principle / Principio de compartir

Há uma antiga história que conta que Deus um dia convidou um rabino para conhecer o céu e o inferno. Ao abrirem a porta do inferno, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão no qual se cozinhava uma suculenta sopa. Em volta dele, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o caldeirão, mas não suas próprias bocas. O sofrimento era imenso. Em seguida, Deus levou o rabino para conhecer o céu. Entraram em uma sala idêntica à primeira, havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta, as colheres de cabo comprido. A diferença é que todos estavam saciados. “Eu não compreendo”, disse o Rabino, “por que aqui as pessoas estão felizes, enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?” Deus sorri e responde: “Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a compartilhar.”
Compartilhar significa participar junto com o outro, dividir o mesmo espaço, desfrutar do mesmo direito. A mentalidade consumista substituiu a ideia de compartilhar pelo ato de dar. A diferença é grande. A ideia de dar tem em si mesma a noção de propriedade. Você dá do que tem, de acordo com o seu critério de administração dos seus bens. Tem o sentido de caridade ou gratidão. E isso é um conceito falso quando o que está em jogo é a vida do outro.
Jesus ensinou isso aos seus discípulos: “Vocês receberam de graça; deem também de graça.” Mateus 10.8. Esse é o princípio do compartilhamento. Jesus enviou seus discípulos a fim de que estes levassem a pessoas perdidas uma mensagem de encorajamento e esperança. Jesus estava certo de que as pessoas precisam de outros meios para superarem sua própria aflição, que não podem ser comprados ou adquiridos para servirem como nossa propriedade exclusiva. A mídia tenta nos mostrar que, para nos sentirmos realizados, precisamos emagrecer, cuidar da pele, trocar de carro, mudar a mobília da casa ou consumir determinados produtos. Jesus, porém, nos convida a descobrir que nós precisamos de algo maior para nossa realização que não tem nada a ver com uma mentalidade consumista e pode ser compartilhado por todos aqueles que desfrutam de sua graça. Isso tem a ver com os valores, o conhecimento, a esperança e a fé com que orientamos a nossa vida.
Precisamos compartilhar valores como a melhor maneira de superar a intolerância e o preconceito. Os valores estão relacionados com a maneira como construímos a felicidade. Ter uma noção clara de valores é saber de fato quem você é. Você compartilha seus valores quando se abre para um relacionamento com o outro.
Precisamos compartilhar conhecimento como a melhor maneira de superar a ignorância. O conhecimento tem a ver com a memória. É com o conhecimento que armazenamos um conjunto de informações e modelos que nos auxiliam na hora de fazer escolhas. O conhecimento de que necessitamos vem mais da vivência do que de um programa sistemático de ensino. Ele deve visar o desenvolvimento de competências e habilidades. Você compartilha conhecimento quando abre a sua mente para novas possibilidades de compreender a realidade.
Precisamos compartilhar a esperança como a melhor maneira de superar a dor. A esperança nos dá sentido para a vida, nos aponta um caminho a seguir mesmo quando tudo parece impossível. Pessoas que têm esperança não desistem de seus sonhos e consegue realizar projetos até o fim. Você compartilha esperança quando encoraja outros a também não desistirem de seus sonhos e os estimula a seguir adiante.
Precisamos compartilhar a fé como a melhor maneira de superar angústia. A fé nos ajuda a entender que a vida como está pode se tornar melhor, que Deus sempre tem um plano melhor. Ter uma vida de fé é mais do que desenvolver uma experiência religiosa. Embora religião e fé estejam inter-relacionadas, precisamos aprender a distinguir o que é a essência da fé e a expressão da fé. Você compartilha a fé quando oferece a sua própria história de vida como um exemplo de mudança.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Liderar igreja na contemporaneidade

No dia 8 de maio, a partir das 19h30, estarei realizando um Workshop para Pastores e Líderes na Primeira Igreja Evangélica Congregacional de Icaraí, em Niterói. O evento é aberto para todos os interessados no tema: liderar igreja na contemporaneidade. Você pode se increver deixando um comentário neste post, informando seu telefone e e-mail. O objetivo é saber o número de participantes para prepararmos o material necessário. A inscrição é gratuita. Aí é só aparecer.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Restaurando lares feridos / Restoring homes injured / Restauración de hogares heridos

Uma das metáforas mais curiosas encontradas na Bíblia para tratar da vida em família é a que se encontra em Cânticos 4.13-16 que retrata um pomar. A vida, como um todo e também a vida conjugal e familiar, é como um jardim com uma variedade de plantas. A família comporta uma diversidade de situações, uma diversidade de funções e uma diversidade de relevâncias de tal modo que a beleza está em dar vida a esse universo que se constitui como o espaço em que a vida acontece em sua maior intensidade.
A diversidade em família é complexa e envolve muitas situações de tensão. O que está em jogo é uma batalha que tem a ver com identidade. A vida em família não é apenas uma opção ou um estilo de vida. Ela é resultado de um esforço contínuo e sincero de estabelecer relacionamentos e vínculos que só pode ter sido pensado a partir de uma mente brilhante, como a mente divina. O problema é a mente humana conseguir compreender isso.
A diversidade atual remete a uma perda de identidade de tal modo que a família se perdeu como um centro de referência da sexualidade. Em meio à discussão sobre diversidade sexual e de gênero, falta um indicador que encoraje as pessoas a uma sexualidade baseada na relação homem e mulher no contexto do casamento, que é a ênfase bíblica. Esse princípio está comprometido por tendências machistas e feministas que despertam atitudes equivocadas sobre papéis e comportamentos que acabam se tornando verdadeiras violências à nossa condição humana.
Quem pode se levantar para promover a família como esse ambiente em que a vida humana acontece? Para mim, a igreja é a única instituição que ainda tem condições de levantar a sua voz e se tornar como um centro para a capacitação da família a fim de que ela seja o espaço para a nossa humanização. A razão disso está no fato de que é no contexto de um relacionamento profundo com Deus que as escolhas e os pactos celebrados podem ter mais validade. É preciso desenvolver ações significativas que tornem possível a confiança e promova uma restauração onde a convivência saiu do controle.
A família representa a maior necessidade não atendida em toda a civilização ocidental. Em lares a beira do desespero, o amor é a única base para a edificação de uma família nessas condições. É preciso se dar conta de que a família é o mais profundo relacionamento humano. Quando a questão envolve lares feridos, é possível descobrir que não há problema que possa impedir a realização de um relacionamento firmado no amor. A restauração de lares feridos passa pela restauração de pessoas feridas.
Ë preciso haver sinceridade na avaliação de nós mesmos a respeito daquilo que tem provocado feridas nos relacionamentos. A decisão de mudar um relacionamento ferido muitas vezes deve partir de nós mesmos. Até que ponto somos capazes de perdoar e até que ponto estamos dispostos a uma renúncia a fim de permitir a restauração de feridas que ainda estão abertas? Embora não tenhamos garantias que uma mudança venha acontecer no outro, é urgente que a mudança de atitude necessária aconteça primeiramente em nossa própria vida.

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