segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nossa história, nossa gente, nossa missão / Our history, our people, our mission / Nuestra historia, nuestra gente, nuestra misión

Há dois anos começamos uma trajetória com um pequeno grupo de pessoas que acreditou na possibilidade de termos uma igreja saudável e acolhedora na região oceânica de Niterói. Nossa história é construída por pessoas que acreditam que mudar é possível por causa daquele em quem depositamos a nossa fé. Nossa igreja fica no bairro de Piratininga (rua Dr. Cornélio de Mello Jr., 31 - a rua do colégio Salesiano), Niterói, e nossas reuniões acontecem todos os domingos, das 18h às 21h. Veja mais notícias em nosso blog: Orla Oceânica >>


Gente que faz a nossa história por Irenio

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Espiritualidade, fé e razão / Spirituality, faith and reason / Espiritualidad, fe y razón

Toda investigação sobre a razão leva a gente a compreender que ela não é suficiente para lidar com as contradições humanas. E o motivo é claro: a razão tem um a priori que é a própria vida. A modernidade ocidental, porém, construiu uma ideia de racionalização, envolvendo a religião, a política e o conhecimento, que fez a humanidade acreditar que o progresso é possível, desejável, inevitável e até irreversível.
Revivemos, com isso, o mito de Prometeu. Chegamos a desenvolver a crença de que a racionalidade, que valoriza a técnica e a ciência, é capaz de criar o mundo dos sonhos, de trazer o céu à terra. Há nisso um aspecto demoníaco da atitude humana que desperta um otimismo exagerado a respeito de si mesmo e sufoca a esperança ao que transcende o real. A razão moderna acabou por promover o divórcio entre o homem e a natureza.
Na verdade, essa razão moderna é ingênua, reducionista e desumanizante. Ao afirmar essa onipotência da razão, a própria modernidade acabou fazendo uma declaração de seu próprio fracasso. Como denunciou Heidegger, o dualismo – calcado na relação sujeito e objeto – é uma tentativa fracassada de explicação do ser.
O cristianismo tem sido, ao mesmo tempo, vítima e mentor dessa configuração ocidental. Ao colocar a racionalidade em questão, ele também é posto sob suspeita. A relação dualista tende a transformar tudo o que não é sujeito em objeto, inclusive Deus. Com isso, exclui a subjetividade do processo de conhecimento a título de uma máxima especialização, dominada pela objetividade, que não conduz à compreensão da realidade e do todo.
A crise que tem afetado a cultura e o mundo alcança também a igreja, o crente, as relações que nos cercam. As mudanças que acontecem no contexto atual estabelece exigências de diálogo com as novas possibilidades de conhecimento e de afirmação de si. Aqueles que se prendem a uma atitude conservadora tendem a se fechar ao diálogo, elegendo um momento histórico, absolutizando-o e divinizando-o. De tal maneira que a compreensão integral do ser humano não comporta mais a concepção engendrada pela modernidade.
O que se faz necessário hoje não é rejeitar a modernidade, mas reconhecer que o projeto de se abarcar a totalidade por meio de uma razão analítica, onipotente e instrumental fracassou. As conquistas estão aí para mostrar os avanços que essa maneira de pensar proporcionou. Ninguém quer voltar à pré-modernidade, a um contexto medieval. A razão esclarecida e científica continua encontrando ressonância na política, na educação e até na maneira de se construir as condições de bem-estar e de felicidade. Porém, estamos distantes de nos tornarmos pessoas que têm controle sobre a natureza. As guerras mundiais, os totalitarismos, os fundamentalismos, o individualismo, a ganância, a intolerância e o preconceito trazem de volta a barbárie, que está na base das crises atuais: ecológica, econômica, moral e religiosa, bem como as injustiças, a desigualdade e a violência.
O racionalismo nos impediu de nos sensibilizarmos com o transcendente, com o inefável, com aquilo que desperta o cuidado com o outro. Ao trazer o divórcio entre natureza e cultura, fez também o divórcio entre a razão e a ética. Gaston Bachelard disse: “eu sou o resultado de minhas ilusões perdidas.” Isso me leva a pensar que toda objetividade comporta uma subjetividade e que toda a subjetividade implica uma objetividade.
A mentalidade moderna e ocidental construiu uma noção de mundo em duas esferas, uma do bem e outra do mal, um agora e um além, uma física e outra espiritual, uma natural e outra racional. Dietrich Bonhoeffer compreendeu a importância da razão para a espiritualidade e para a fé em sua Ética. Ele disse: “A razão não é um princípio divino de saber e ordem, superior ao natural, existente no ser humano; ela própria é parte dessa forma de vida preservada, a saber, aquela parte apta a trazer à consciência, a ‘perceber’ como uma unidade o todo e geral existente no real.” Dito de outro modo, toda a fundamentação da natureza e do real está na espontaneidade subjetiva da razão. E isso também é espiritualidade.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Como será o amanhã? / How will the future? / ¿Cómo será el futuro?

Um dos mais antigos desejos humanos é a previsão do futuro. Entretanto, a melhor maneira de prever o futuro é investir em sua construção hoje. Foi o que Peter Drucker afirmou: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.” A construção do futuro é um tema presente no imaginário da humanidade há muito tempo. Isso tem fascinado escritores, pensadores e pesquisadores em épocas diversas. O ser humano é o único ser vivo que tem noção do futuro e que, por isso mesmo, consegue trabalhar o seu imaginário no sentido de idealizá-lo. O futuro é o que representa nossas expectativas e a nossa esperança, uma vez que o presente já se encontra desvendado e o passado constitui nossas lembranças.
A ideia de uma viagem no tempo é uma ficção que tem alimentado o cinema e a literatura, mas que passou a ser tratada como uma possibilidade quando o matemático Kurt Godel, na década de 1940, analisou as equações propostas por Albert Einstein, apontando para a transposição de informações para além do tempo.
Para nossa noção de temporalidade, o passado é imutável, o presente é o instante vivido e o futuro é o que está em aberto. A exigência de deixar nossa realização para um “quando” acaba se tornando uma síndrome que dificilmente nos livramos. A nossa felicidade é transferida para quando comprar a casa própria, para quando casar, para quando formar os filhos, para quando se aposentar. Da mesma forma, na época em que os ocidentais desenvolveram a noção de carpe diem, que incita a desfrutar o presente, isso se tornou um verdadeiro engano. Não dá para viver o presente ignorando que o futuro virá. Isso foi sinal de decadência para o império romano.
Jesus também nos ensinou a não nos preocuparmos com o amanhã. Porém isso não significa desprezar o futuro. A melhor maneira de se lidar com o futuro é vivendo a realidade do Reino no presente. Muitos acham que a questão do futuro está ligada a um além distante, um evento fora do tempo. Mas o que Deus tem a fazer para a vida humana está imerso na história. Jürgen Moltmann reconhece que nós não somos só interpretes do futuro, mas já os colaboradores do futuro, cuja força, na esperança como na realização, é Deus.” O grande desafio que temos diante de nós, portanto, é restaurar as práticas da esperança no presente de maneira que nos tornemos responsáveis pelo futuro da humanidade.
Você pode se preparar para o futuro de duas formas: vendo-o como resultado do acaso ou tratando-o como resultado de suas escolhas. No primeiro caso, ele não passa de um destino sobre o qual não temos qualquer controle, um mistério insondável sujeito aos desígnios da sorte ou do revés. No segundo caso, você precisa dar mais atenção a isso agora. Certa vez, o especialista em gestão Tom Peters, ao ser indagado sobre como será o futuro, afirmou: “Como será o futuro eu não sei. Só sei que você terá de estar preparado para ele seja ele qual for.”
O futuro já está presentificado, de forma intrínseca, nas práticas do presente. O que realizamos hoje aponta para o futuro. A Bíblia trata o futuro de duas formas A primeira como resultado de nossas escolhas. Paulo afirma que tudo o que plantamos colhemos. “[...] o que o homem semear, isso também colherá.” Gálatas 6.7. A segunda como resultado de promessa. O profeta afirma que Deus tem planos de nos dar um futuro de paz e restaurar nossa esperança. “‘Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor,’ planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro’.” Jeremias 29.11.
Para a teologia cristã, estas duas formas estão inter-relacionadas. Isso nos remete a duas capacidades que podemos desenvolver: a de traçar objetivos e a de sonhar. Quem não tem objetivos claros na vida e quem não desenvolve a capacidade de sonhar vive de forma insegura. Os objetivos apontam caminhos que podemos trilhar e os sonhos só existem quando acreditamos neles.  É a lógica do futuro: a capacidade de investir tempo e trabalho na conquista de objetivos e na realização de ideais. E isso nós podemos fazer agora.

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