“Veja! O inverno
passou; as chuvas acabaram e já se foram.” Cânticos
2.11
A vida pode
ser comparada ao ciclo das estações do ano. A natureza se reveste de uma
circularidade em que a vida se refaz e ganha novos sentidos à medida em que se
passa pelas fases sempre na esperança da chegada de um novo tempo.
Relacionar as
fases da vida às estações do ano é um exercício do imaginário. Usamos cada
estação como metáforas dos diferentes momentos em que a beleza da vida se
revela em suas diferentes fases. Afinal, só dá para se compreender a vida a
partir de suas contradições.
As estações
do ano têm seu tempo certo de começar e de terminar. A vida, nem tanto. A cada
estação, a natureza passa por perdas que são restituídas na estação seguinte.
Na vida, nem sempre. A natureza conhece bem cada estação e entende a sua
linguagem e importância. Na vida, nem tudo está tão claro. Porém, tal como na
natureza, as fases da vida são necessárias para a nossa existência.
No outono,
a vida se renova. Para isso, as folhas caem, os ventos sopram de forma
impiedosa como se as árvores não pudessem resistir, a estiagem proporciona um
ambiente árido e desalentador. Entretanto, a beleza do degradê das folhagens colorem
as paisagens de uma forma sem igual. Quantas vezes a vida já se mostrou sem
esperança, em que nos sentimos desprotegidos e até sem recursos? Porém, o outono
da vida passa, e só restam a lembrança dos momentos belos vividos em meio às
lutas.
No inverno,
a vida se retrai. O frio paralisa, faz diminuir a marcha da vida. Animais hibernam,
as formigas cessam seu trabalham, até as cigarras deixam de cantar. Entretanto,
o frio e os instantes de recolhimento são oportunidades únicas de acolhimento e
de convívio mais próximo com quem se ama. Quem já não se sentiu paralisado pela
frieza dos acontecimentos e até de pessoas? Porém, o inverno da vida passa, e
só restam as lembranças das vezes em que acolhemos e fomos acolhidos.
Na primavera,
a vida floresce. Tudo se renova, a natureza se reveste de cor, a vida se refaz.
A vida é feita de sonhos e esperança. Eles se renovam e se tornam mais vivos após
um período de lutas e turbulências. Entretanto, nem mesmo as plantas florescem
sem esforço. Há que se experimentar o feliz processo de se renovar de dentro
para fora. Quem nunca precisou abandonar o que ficou para trás para viver novas
oportunidades? Porém, a primavera da vida passa, e o que fica é a vida em sua
beleza e vitalidade.
No verão, a vida pulsa. O sol e a alegria trazem
euforia e vigor. Entretanto, ninguém está isento de seus efeitos. Quem nunca se
desencantou, se enganou ou se iludiu com o brilho efêmero da vida? Porém, o verão
passa, e só resta a experiência de ter aproveitado bem cada momento vivido.
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