“Um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse:
Esforça-te.” Isaías 41.6
Tem coisas que só
dá pra fazer quando estamos juntos. Em tempos de supervalorização do
individualismo e de escolhas centradas no eu, não custa lembrar que somos pessoas
criadas para viver em comunidade.
O ser humano é o
único ser vivo que depende do outro para viver. Várias espécies animais já
nascem andando e lutando pelo seu alimento. As plantas nascem, crescem e morrem
no solo sem que precise de qualquer intervenção humana. Mas nós precisamos da
ajuda do outro durante a vida inteira para existirmos. Isso acontece desde o
nascimento até a morte.
No século XIII, o imperador Frederico, da Germânia, achava que seria
muito útil para os homens saberem qual teria sido o primeiro idioma dos homens:
Hebraico? Grego? Latim? Intrigado, Frederico mandou que se fizesse a seguinte
experiência: vários bebês seriam isolados de qualquer convívio com os demais
seres humanos. Argumentava que, sem nenhum contato com os idiomas falados, tais
bebês se expressariam naquilo que teria sido o idioma original dos homens. A
alimentação dos bebês foi confiada a amas de leite, cuja única função seria
amamentá-los. Mas antes tiveram que fazer o juramento de que jamais produziriam
qualquer som junto desses bebês. Assim, em completo silêncio, faziam elas o seu
trabalho. Desde o instante do nascimento, os bebês jamais ouviram qualquer
palavra ou som de um ser humano. Um ano depois, divulgou-se o resultado da
experiência: todos os bebês haviam morrido.
Viver em comunhão estimula o nosso sentido de existência e nos
mobiliza a ações que fazem com que a vida ganhe novos significados. É
interessante observar que a racionalidade humana foi capaz de criar muitas
tecnologias para facilitar a vida, mas fez muito pouco para aperfeiçoar nossas
relações em comunidade. Conforme o conhecimento científico veio avançando,
desenvolvemos a capacidade de nos isolar e alimentar a ilusão de que podemos
viver sozinhos.
O resultado disso é que a mesma razão que inventa e cria novas
tecnologias para proporcionar bem-estar é capaz de usá-las para destruir e
aniquilar o outro. Chegamos ao ponto em que a humanidade se encontra, sob
ameaça real de extinção. Entretanto, para superarmos essa tendência,
encontra-se a nossa capacidade de encorajarmos uns aos outros.
A Bíblia estimula essa capacidade e nos chama a uma relação baseada na
ação de uns para com os outros. Viver em comunhão é parte do propósito divino
desde a criação. Este propósito se concretiza na pessoa de Jesus, que convoca a
todos a que se voltem para tomar parte do projeto de restauração do sentido de
humanidade. Crer em Jesus e segui-lo é resgatar o que há de mais humano em nós
e nos abrirmos a uma relação em que o outro está implicado.
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