segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Desejos para o Ano Novo / Wishes for the New Year / Deseos para el Año Nuevo

Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade.” Eclesiastes 3.11.
Desejo que no Ano Novo...
... Não apenas conquiste o sonho da casa própria, mas que gaste mais tempo com sua família.
... Não apenas troque de carro, mas que redescubra o gosto de caminhar na natureza.
... Não apenas compre um celular novo, mas reinvente modos de se conectar com as pessoas mais próximas.
... Não apenas adquira uma TV de última geração, mas que aprenda a ver o mundo com outros olhos.
... Não apenas consiga um salário melhor, mas que mude seu modo de investir o que tem.
... Não apenas faça a viagem dos sonhos, mas que dê asas à sua imaginação a respeito de um mundo melhor.
... Não apenas tenha saúde, mas que não abra mão de ser generoso e solidário.
... Não apenas tenha muito dinheiro no bolso, mas que tenha abundância de gestos de gentileza.
... Não apenas tenha sucesso em seus empreendimentos, mas que saiba como fazer novos amigos.
... Não apenas seja feliz, mas que pratique bondade até mesmo naquelas circunstâncias que não são agradáveis.
... Não apenas ame mais, mas que releve as pequenas ofensas.
... Não apenas seja próspero, mas que esbanje carinho com quem está perto.
... Não apenas tenha paz, mas que seja a mudança que deseja ver no mundo.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Natal, mistério da Misericórdia / Christmas, Mystery of Mercy / Navidad, el mistério de la Misericordia

“Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2.6,7).
O Natal é a expressão da misericórdia divina que chega até nós com um rosto, com forma de gente. É ocasião em que somos chamados a agir de forma mais humana porque o eterno se fez como um de nós.
Por essa razão, o Natal deve ser marcado tanto pela celebração da manifestação da misericórdia divina quanto por nossa resposta ao convite para sermos misericordiosos. Do contrário, o Natal não vai passar de uma festa de aniversário do pior tipo, aquela em que sequer cumprimentamos o aniversariante.
Jesus nasceu num contexto de humildade. Seus pais não tinham o prestígio para encontrar um lugar de descanso na cidade. Tudo o que conseguiram foi um espaço numa estrebaria. Num leito emprestado – um coxo para alimentar animais –, o salvador do mundo teve sua primeira acolhida. Ali na manjedoura, Jesus revela o mistério da misericórdia e, ao revelar, se abre para que encontremos o sentido para a nossa existência. Ali, a dignidade humana é valorizada, o sentido da criação é resgatado.
Na noite em que Jesus nasceu, não havia lugar para ele nas hospedarias da terra natal de seus pais. Esse episódio é representativo da condição do mundo, que não tem espaço para Deus. Hoje, mais do que antes, Deus é lançado para fora do mundo. Cada vez mais pessoas não têm espaço para Deus em sua vida, em suas famílias, em seus negócios e em seus relacionamentos.
Em Cristo, Deus se fez pequeno, como um de nós, para nos atrair para si, para o seu amor. Celebrar o Natal nessa perspectiva é compreender o amor e a justiça de Deus que se expressam em seu gesto misericordioso. Apesar de nosso distanciamento e indiferença, Deus nos alcança com seu amor, age com justiça em nosso favor e nos acolhe com seu perdão.
Quando Deus se fez criança, ele demonstrou que estava inclinado para nossa humanidade. Ele se fragilizou ao ponto de precisar do cuidado de uma família. Deus se fez humano para resgatar o que há de mais humano em nós. Deus se fez história para nos conduzir aos seus propósitos. Deus se fez temporal para que pudéssemos experimentar sua misericórdia. Deus se fez mundano para que pudéssemos alcançar o céu.
Jesus é a misericórdia divina com identidade. E é na sua pessoa que o Natal se converte em um tempo de refletir sobre a nossa relação com Deus. Não é um evento preso ao passado, mas é um fato que nos remete de volta à nossa existência, para nos redimir de nossa própria perdição.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O preço da misericórdia / The price of mercy / El precio de la misericordia

“Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?” (Mateus 18.33).
A misericórdia não é barata. Ela tem um preço, o da compaixão. A misericórdia barata não passa de assistencialismo ou caridade de pessoas com a consciência culpada. Deus espera que as pessoas sejam misericordiosas do mesmo modo que ele o foi conosco.
Para falar do preço da misericórdia, Jesus contou a parábola do credor incompassivo. Nela, Jesus ressaltou o contraste entre as ações compassivas de Deus e as atitudes humanas em relação as necessidades dos outros. Tudo começou com a pergunta acerca de quantas vezes se deve perdoar uma pessoa que falha com a gente.
A história que Jesus contou consiste em um quadro de endividamento. Um senhor, rico proprietário (algumas traduções dizem que se tratava de um rei), resolveu pedir uma prestação de contas de seus servos. Entretanto, havia um que estava numa situação insolvente e isso colocava em risco até a sua família. O servo implorou por paciência e pediu um prazo mais longo para pagar toda a dívida. O senhor, então, fez mais do que isso: teve compaixão do servo e cancelou a dívida.
Saindo do encontro de prestação de contas, o servo encontrou-se com um subalterno que lhe devia uma quantia muito inferior. Tomado por uma fúria, aquele servo agarrou seu ajudante e exigiu o pagamento imediato da dívida. O ajudante pediu um pouco de paciência, pois iria pagá-la. Mas o servo foi impiedoso e mandou prendê-lo por causa daquela pequena quantia.
Os companheiros daquele servo souberam do que aconteceu e a notícia foi parar nos ouvidos do senhor, que chamou o seu servo e lhe perguntou o óbvio: “não era para você ter pena do seu companheiro como eu tive pena de você?” Jesus disse que aquele senhor ficou irado e mandou que fosse cobrada toda a dívida dele.
Esta é a mais sublime lição moral que Jesus deixou para seus seguidores, a de que tudo aquilo que recebemos pela graça, por graça devemos compartilhar com os outros. A misericórdia se expressa dentro de uma relação de alteridade.
A parábola contém uma promessa e uma advertência: a promessa diz respeito ao fato de que a misericórdia é ampla, completa e extensiva a todos; a advertência é que a misericórdia só se realiza quando somos capazes de ser misericordiosos.
A atitude humana em relação às possíveis falhas e fraquezas dos outros é marcada pelo preconceito e pelo egoísmo. Quando a gente lembra disso, somos chamados a uma revisão de nossos conceitos. A recusa humana em acolher o outro em sua própria condição é a causa de toda sorte de violência e maldade.
Jesus usou a parábola do credor incompassivo para concluir seu sermão a respeito da principal característica da vida em comunhão: o perdão. Quando alguém se nega a perdoar o outro demonstra que não tem condições de ser perdoada. Uma pessoa que não é capaz de perdoar jamais experimentou a misericórdia de Deus em sua própria vida.
Basear os nossos relacionamentos somente nos merecimentos é o mesmo que negar a esperança da redenção. O custo da misericórdia é o maior ensino civilizatório que a humanidade já recebeu: o de fazer aos outros o que você gostaria que fizessem contigo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Quando a misericórdia acontece / When mercy happens / Cuando la misericordia ocurre

“[...] Deus interveio em favor do seu povo” (Lucas 7.16). 
A dor da perda é dilacerante. Perder alguém que a gente ama, então, abre uma cicatriz que nem o tempo sara. A viúva de Naim vivia essa dor. E para mal da sua sorte, seu único filho, fruto do seu amor, também acabara de morrer. Alguém já disse que quem perde um pai é chamado de órfão, quem perde o cônjuge é chamado de viúvo, mas quem perde o filho não tem nome que dê conta de tamanha tristeza.
Alguns podem até argumentar o problema social da mulher naquela época. Ela ficaria completamente desamparada. Mas ela não tinha condição de avaliar isso naquele momento. No seu coração só havia espaço para o pranto, para a angústia, para o desespero. Como continuar viva sem ter ao lado aqueles a quem se ama?
Enquanto o funeral saía da cidade para o último adeus, a multidão que o acompanhava se depara com a comitiva que seguia a Jesus, que chegava. Duas multidões: uma solidária com a dor, outra cheia de esperança; uma que se perguntava sobre o sentido da vida, outra que havia encontrado o autor da vida; uma que se deparava com a finitude, outra que se enchia de esperança com o futuro.
Na chegada à cidade, a morte encontrou-se com a vida, o cortejo de dor encontrou-se com a caravana que restaura a alegria, o sentimento de perda cedeu lugar à descoberta da vida. Jesus se aproximou do cortejo fúnebre e disse apenas duas coisas. Uma delas dedicada à mulher: “Não chores”. A outra, dirigida ao jovem no caixão: “levante-se”. A misericórdia tinha se manifestado ali.
As pessoas que assistiam a tudo, tomadas pelo temor, louvavam a Deus, pois somente ele poderia fazer algo para acalmar corações sofredores, como o daquela mulher. Isso lembra o que disse Bonhoeffer: “Só o Deus que sofre pode ajudar”. Todos ali se sentiam igualmente abençoados e reconheciam que a manifestação da misericórdia se estendia a todos. Por isso, levantavam brados de alegria: “Deus interveio em favor do seu povo”.
Em todos as narrativas dos milagres realizados por Jesus, as pessoas vinham até ele e clamavam por misericórdia. No episódio do filho da viúva de Naim, podemos ver o Senhor se dirigir até aquela pessoa carente e oferecer o seu cuidado amoroso por sua própria iniciativa.
Quando a misericórdia acontece, Deus restaura a alegria, renova a vida e encoraja a ter esperança no futuro.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O que a misericórdia realiza? / What does mercy accomplish? / ¿Qué hace la misericordia?

“[...] Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado (João 8.11). 
O que uma pessoa tomada por um sentimento misericordioso é capaz de fazer diante de alguém que carece de misericórdia? A história do encontro de Jesus com a mulher surpreendida em pleno adultério nos ajuda a descobrir o que a misericórdia pode fazer.
Naquela cena estavam vários atores: os sem misericórdia, aquela pessoa carente de misericórdia e aquele único que é cheio de misericórdia. As atitudes eram claras: aquelas pessoas que não têm misericórdia eram intolerantes e culpabilizadores, a carente da misericórdia estava totalmente vulnerável e o misericordioso agiu de forma amorosa por livre e espontânea vontade.
Os sem misericórdia ruminavam ódio, mas logo foram convencidos de que a situação deles não era muito diferente daquela que carecia de misericórdia. Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela, disse-lhes Jesus. A carente de misericórdia estava rendida e fragilizada pelo medo, pela vergonha, pela culpa, pela impotência e pela desesperança. Ela não era capaz de encontrar uma solução para seu conflito interior e muito menos para apaziguar seus algozes. Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém a condenou?”, perguntou Jesus. O cheio de misericórdia agiu como era de se esperar: ele a perdoou e e lhe ofereceu uma nova chance. “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado, disse Jesus a ela.
A Bíblia diz que Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele”. Santo Agostinho, ao comentar essa passagem, diz que, após os sem misericórdia saíram, ficaram no local apenas a miséria e a misericórdia. Estavam ali o pecador e aquele que pode perdoar os pecados, a fragilidade humana e a bondade divina. Era o encontro entre o que se sente miserável e aquele que pode oferecer misericórdia. O papa Francisco argumentou que, ali, a “a miséria do pecado foi revestida pela misericórdia do amor”.
O que pode fazer a misericórdia? Ela nos humaniza. A intolerância, a culpabilização, o preconceito e o ódio são atitudes que nos desumanizam. A misericórdia divina, porém, restaura a nossa dignidade e nos torna capazes de sermos simpáticos à aflição de quem sofre as consequências da desumanização.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Pessoas misericordiosas fazem falta / Merciful people are needed / Se necesitan personas misericordiosas

“Em Jope havia uma discípula chamada Tabita, que em grego é Dorcas, que se dedicava a praticar boas obras e dar esmolas” (Atos 9.36).
Dorcas foi uma mulher extraordinária. Ela foi chamada de discípula, no mesmo nível de compromisso dos discípulos de Jesus. Só aí dá para imaginar sua personalidade: tinha um coração cheio de misericórdia e uma vida dedicada a praticar misericórdia.
Quando Dorcas adoeceu e veio a falecer, as pessoas de Jope colocaram seu corpo num cômodo e correram para chamar Pedro e lhe pedir ajuda. Quando Pedro entrou naquele cômodo contemplou o seguinte quadro: um grupo de viúvas desamparadas, chorando diante do corpo inerte de uma mulher. Ali estava o quadro mais nítido da desesperança. A fonte da misericórdia havia cessado.
As viúvas carregavam consigo as roupas que Dorcas havia feito para elas. Mas elas não choravam por causa das roupas. Elas choravam porque a única pessoa que agiu com misericórdia com elas havia morrido. Todo mundo sabe que fazer uma roupa não é algo simples. Envolve todo processo de tirar medidas, ouvir sugestões, acertar gostos e estilos. Nisso tem o toque, a escuta, a atenção.
Pessoas que já eram marcadas pela dor da perda encontraram em Dorcas não só presentes e doações, mas alguém que lhes dava importância, que lhes servia com interesse, que lhes dedicava tempo, que lhes atribuía um valor especial. Dorcas não foi misericordiosa porque lhes dava coisas, mas porque “estava com elas”.
Tomado pela empatia da dor, Pedro quis ficar só, ajoelhou-se e orou. O que teria dito a Deus? Imagino que, em lágrimas, teria dito que não havia o que fazer ali se Deus não restaurasse sua misericórdia para com aquelas viúvas. Foi por isso que, logo depois de orar, olhou para aquele corpo e chamou pelo seu nome mais íntimo: “Tabita, volta para nós. Levante-se. Todos nós precisamos de você”.
Dorcas abre seus olhos e Pedro entende que está diante da misericórdia em pessoa. Ajuda-a a levantar-se e chama a todos para estarem de novo com ela. A cidade de Jope não era pequena, mas todos ficaram sabendo de como Deus restaurou sua misericórdia naquele lugar.
Pessoas misericordiosas fazem falta.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Qual o espaço para a misericórdia? / What is the space for mercy? / ¿Cuál es el espacio para la misericordia?

“Então Jesus lhe disse: ‘Levante-se! Pegue a sua maca e ande’” (João 5.8).
O poço de Betesda era o lugar propício para a prática da misericórdia. Seu nome significava isso mesmo: “casa de misericórdia”. Ao lado dele havia sido construído abrigos para acomodar muita gente. Porém a história era bem outra.
Conta-se que aquele era o lugar em que as famílias, para se verem livres dos seus doentes, os abandonava junto à fonte de água que jorrava ali. Com o tempo, desenvolveu-se uma crença de que um anjo visitava de vez em quando o lugar e agitava as águas do poço. O primeiro que mergulhasse seria curado.
Não se sabe se alguém chegou a receber a cura ali. Mas dá para se fazer uma ideia do tumulto que acontecia. Os mais ricos logo ocuparam os lugares mais próximos ao poço. Alguns até contratavam escravos para vigiarem a água para eles. De repente, alguém gritava: “a água foi agitada!” E todos disputavam para ver quem mergulhava primeiro. Cegos, paralíticos, mutilados, surdos, toda sorte de portadores de necessidades especiais. Eram maltrapilhos e rejeitados. Todos disputando entrar no poço.
Quanta história de fracasso e decepção cercava o poço de Betesda! Quanta esperança e fé havia ali apesar de tudo! A única coisa que não havia era misericórdia. Essa passava longe do lugar onde se dizia que era a sua habitação.
Até que um dia Jesus passou por ali. Viu um paralítico deitado em seu leito, triste e desolado.
– Há quanto tempo você está aqui?
– 38 anos...
– Depois disso tudo, você ainda tem esperança de ser curado?
– Senhor, ninguém me ajuda. E quando a água é agitada, vem outro mais esperto e entra primeiro.
– Então, levanta, pega o seu leito e anda!
Imediatamente o que era paralítico se levantou e andou.
Qual é o lugar da misericórdia? O lugar onde aquele que é misericordioso encontra-se com alguém que precisa de misericórdia.

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